sábado, agosto 21, 2004

Ia-me esquecendo...

Caso ainda não tenham reparado, isto está de férias.

quinta-feira, agosto 12, 2004

Descentralizar é vencer

Comentando a instalação em Faro do dr. Carlos Martins, secretário de Estado do Turismo, o ministro da tutela afirmou tratar-se de “uma realidade de enorme lucro.” Para o Algarve, presume-se.
À primeira vista, parece brincadeira. Ainda por cima de mau gosto, dada a crise que a região atravessa. Calma: vê melhor quem vê mais longe, e as pessoas atentas sabem que na Inglaterra e na Holanda, na Alemanha e na Suécia as agências de viagens fervilham com pedidos de reserva para o Algarve em Setembro, altura em que o dr. Carlos Martins estará definitivamente instalado.
Otto Walter, 62 anos, subgerente de uma companhia de charters de Colónia, e que não se quis identificar, confessou à Lusa: “Nunca vi nada assim. A procura é tal que tivemos de alugar aviões sem tripulação. Eu próprio irei pilotar dois ou três até Faro.”
Em Estocolmo, milhares de turistas excitadíssimos confundiram a ilha de Faro com a ilha de Faro e desataram a remar para esta última, no Báltico, o que motivou uma queixa de Ingmar Bergman, um dos seus raros residentes e uma apoplexia nervosa a Sven Andersson-Anderssen, proprietário de um mini-mercado local: “Estou felicíssimo. Há trinta e dois anos que o sr. Bergman era o nosso único cliente. Aparece por aí às quintas, leva 150 gramas de arenque fatiado e só. Agora as coisas vão mudar. Agorinha mesmo vendi a um casal gay meio quilo de arenque fresco, duas latas de arenque em conserva e um frasco de arenque em escabeche. Qualquer dia aposto nas renas. Estou felicíssimo, como aliás já tinha dito.”
Mas é em Londres que a loucura em volta de Faro atinge o auge, com filas intermináveis à porta dos operadores turísticos. Steve Footprint, um bancário de 32 anos, morador em Brixton, apesar de não ter conseguido o ambicionado voo, não esmoreceu e continua exultante: “Nem a Tate Modern possui uma instalação tão arrojada. Parto com a minha família para Portugal logo que o mecânico me troque os pistons ao Rover.”Aos interessados, informa-se que o secretário de Estado do Turismo poderá ser visto na Escola Superior de Hotelaria e Turismo, um moderno edifício no centro de Faro, a partir do final deste mês. O preço do ingresso não foi ainda anunciado. Aconselha-se calçado confortável, devido às previsíveis demoras no acesso. Avisa-se também que será estritamente proibido dar comida ao governante.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Lupi II

...ou Assim a Blogosfera Dá Gosto

"(...) E você pra mim foi uma delas
Que no tempo em que eram belas
Viam tudo diferente do que é


Agora que
Não mais encanta
Procura imitar a planta
A planta que morre de pé

E eu te agradeço por de mim
Ter se lembrado
Entre tanto desgraçado
Que em sua vida passou

Homem que é homem faz qual o cedro
Que perfuma o machado
Que o derrubou"

(Lupicínio Rodrigues, Castigo, 1959)

"(...) O remorso talvez seja a causa do seu desespero
Você deve estar bem consciente do que praticou
Me fazer passar essa vergonha com um companheiro
E a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou

Mas enquanto houver força em meu peito
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Você há de rolar como as pedras que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu pra poder descansar"

(Lupicínio Rodrigues, Vingança, 1951)

Quase todas as minhas canções falam da mulher. Acho que se Deus fez alguma coisa melhor que a mulher, fez para Ele.

(Lupicínio Rodrigues)

domingo, agosto 08, 2004

Lupi

Madonnas e Offices passados, enfim eu e a Charlotte estamos de acordo sobre uma verdade essencial : Lupicínio Rodrigues. A respeito, vou dizer só uma coisinha: é muito triste e é muito injusto que uma pessoa cresça, envelheça e morra sem ter tido a oportunidade de amar a obra desse génio absoluto da música popular, no Brasil e no mundo.
Quase toda a gente conhecerá "Felicidade", versão de Caetano, ou "Vingança", sublime versão de Amália. Alguns sabem de Jamelão, principal intérprete de LR (algo "carregado" para o meu gosto). Mas vital é ouvir Lupicínio cantar Lupicínio, benesse rara porém disponível em CD naquelas promoções dos sebos do Rio e São Paulo e , com sorte, nas lojas "correntes" (exemplo: "Enciclopédia da Música Popular Brasileira - Vol. 7").
Bibliografia? Além de inúmeras referências dispersas, há uma espécie de tese - "Melodia e Sintonia em LR" (ed. Bertrand Brasil) -, que tenho e não recomendo. Que eu saiba, na falta de melhor na net, para iniciantes os sites que a Charlotte recomenda são óptimos. Para iniciados, não se pode pedir mais que esta entrevista do Pasquim. Mas procurem os discos e ouçam. Pela vossa saudinha.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Leituras de Verão

Catálogos de relógios e aparelhagens incluídos algures no saco do "Expresso".

Os restos dos cartazes do BE - "Eles mentem, eles perdem" -, agora que Bush voltou a ser favorito, que Blair avança nas sondagens e que Barroso é o presidente, digamos, da União.

As brochuras dos 271 festivais "pop" em curso, para nos certificarmos daquilo que estamos a ganhar.

Autocolantes da Prossegur.

Os "classificados" de emprego de "O Crime".

Aquela caixinha com as variações do Nasdaq que surge no canto inferior esquerdo do Canal Bloomberg. Não, essa é do Brent: a outra ligeiramente acima. Isso.

Menus de restaurantes pró-nouvelle cuisine, em que cada prato possui um ingrediente que sofre de "infusão" ou de "sugestão", e nos quais o cliente dificilmente arrisca uma congestão.

Blogues identificados com o Movimento do Doente.

Talões esquecidos nos multibancos.

E para uma leitura realmente rápida, todos os textos publicados na imprensa que não sejam da autoria de José Sócrates.

quarta-feira, agosto 04, 2004

Obrigado

O aniversário do Homem a Dias suscitou, como seria de esperar, muito mais comentários que o meu próprio (não só na blogosfera). Infelizmente, foram demasiados para que os linque a todos. Julgo que uma sentida e genérica vénia bastará. Lá vai ela. Viram?

Sempre esta inquietação

Na Sic Notícias, vejo José Mário Branco distinguir a cultura “imperialista” norte-americana do jazz: o jazz, pá, é música de liberdade, é música de escravos (?). Presume-se que por oposição à música da opressão, feita por burgueses.
E ora aqui está, inteiramente de borla, nova razão para odiarmos o José Mário, rematado burguês e ainda por cima Branco. Porém, sendo reaccionário, não ligo muito a essas grelhas de avaliação e até gosto de duas ou três coisas do moço. Peço-lhe desculpa por isso.

segunda-feira, agosto 02, 2004

O Homem já gatinha

O Ricardo Gross avisou-me por sms que o Homem a Dias faz hoje um ano. Fui confirmar, e é verdade. Sinceramente, e tal como o Francisco, eu julgava que o aniversário passara um destes dias. Não importa. Importa (?) que, apesar da efeméride, o blogue, tal como a Luta, continua. Mais: se não me tivesse arruinado também a enviar sms, mas para a linha da Maya, a astróloga não a abelha, reservava a Indústria e preparava festa rija. Desculpando-me a tempo por não comparecer. Fica a intenção.