sexta-feira, setembro 30, 2005

Grandes Momentos da Língua Portuguesa (I)

"Só um outro olhar, mais exigente, mais compreensivo e mais irreverente sobre o mundo de hoje, nos livrará das tenazes do conformismo. Para uma esquerda em processo de renovação, esse olhar tem que assumir algumas ideias chave. Essas ideias são, em primeiro lugar, a de que vivemos em sociedades liberais em que a identidade política dos indivíduos é, apenas, um dos traços da sua identidade global, sem privilégios de qualquer espécie. O indivíduo contemporâneo é um mosaico de identidades em que os aspectos profissionais ou lúdicos, familiares ou políticos, se equivalem, combinando-se de modos diversos na plenitude da sua afirmação individual.
Seguidamente, o de que convém conduzir uma interrogação séria sobre o que significam e representam nos nossos dias os partidos e as ideologias políticas, interrogação que permita conhecer que valores, que opiniões, que paixões se projectam no campo político, e de que modo tudo isto redefine a oposição entre direita e esquerda. Em terceiro lugar, a de que se impõe cortar com a visão tradicional do Estado, sobretudo com o voluntarismo de reminiscências vanguardistas que condiciona todas as transformações sociais à acção do Estado e à valorização do seu enquadramento legislativo. Por fim, impõe-se conseguir fazer passar a acção política do nível nacional em que as suas incapacidades ou os seus bloqueios são cada vez mais nítidos, para o plano supra e transnacional em que, na verdade, se decide muito, e cada vez mais, do que é fundamental."

- Manuel Maria Carrilho

quinta-feira, setembro 29, 2005

Solteiro, presumo

O Estado Civil do Pedro Mexia.

terça-feira, setembro 27, 2005

Fim de férias

Entrar aqui não é exactamente o mesmo do que entrar aqui. Ter estado aqui não é exactamente o mesmo do que ter estado aqui. Regressar daqui não é exactamente o mesmo do que regressar daqui. A fotografia tem três dias, o lugar desapareceu há sessenta anos.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Um senhor

Após o debate, a Sic Notícias transmitiu, à socapa, o momento em que os dois candidatos a Lisboa se despediram. Ou melhor, em que se tentaram despedir, já que a mão estendida por Carmona Rodrigues ficou assim a modos que suspensa no ar, sem resposta do membro equivalente do professor doutor Carrilho, que entretanto, de zangadinho, virou costas e sumiu com uma pilha de papéis sob o braço e uma pilha de cabelo sobre a cabeça. Carmona, espantado e julgo que divertido, olhou o entrevistador e comentou: “Não me cumprimentou. É extraordinário."
Extraordinário é favor. Foi, como sói dizer-se, um precioso instante televisivo. Sempre soubemos que o professor doutor era professor doutor, filósofo, amigo de EPC, moderno, cosmopolita, marido daquela senhora que comenta dez livros/dia, ousado, irreverente e pai do Não Sei Quantos. Agora, somos também informados de que o homem é sincero e, ao contrário da maioria, não finge perante as câmaras: ele parece uma criaturinha desagradável e é uma criaturinha desagradável.
PS: No Blasfémias, afirma-se que Carmona terá dito "Grande ordinário" em vez de "É extraordinário." Se calhar, ouvi mal (ai, que a idade pesa). Não importa. Vai dar ao mesmo. "Superordinário" também serviria. Ou "rasca", muito rasca.
PS2: Revi as imagens. Afinal, Carmona diz ambas as coisas: "extraordinário" e "grande ordinário". E nós dizemos com ele.

sexta-feira, setembro 09, 2005

O autor deste blogue...

…vem por este meio informar o Tulius de que já esteve em Praga, sim senhor [ver imagem comprovativa (?), no Café Imperial, mas que também podia ter sido obtida em Braga, ou em Penafiel]. E que gostou muito, muito mais que de Budapeste, aliás. Excepto em dois pormenores: a comida húngara (aqueles fígados!) e, insisto, as mulheres húngaras (aqueles rins!). De qualquer modo, embora o esclarecimento seja desnecessário, esclarece-se o Tulius de isto é apenas uma opinião pessoal, e que ele, escusado dizer, tem direito à sua. Só não tem direito de retirar o Homem a Dias dos links a título de represália. Nem de partilhar calúnias sobre o sr. prof. dr. Manuel Maria Carrilho, esse sábio que um dia (ou seria de noite?) afirmou: “A imaginação e a irreverência são tão fundamentais na actividade política como a prudência e a responsabilidade”, uma frase aparentemente sem sentido mas que adquire luminosa relevância quando se sabe que Prudência era a minha avó, e Irreverência a tia do filósofo.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Too noble to neglect

Sabem aquela historinha do Calvin em que ele encomenda um chapéu voador e depois passa os dias ansioso à espera que os correios o entreguem? Pois bem, eis a minha rotina desde que No Direction Home foi anunciado. No Calvin, a coisa terminou com uma desilusão (o chapéu não voava). Não me parece que isto vá acabar no mesmo: Dylan, em entrevistas, canções e aparições inacreditavelmente inéditas no período que realmente interessa (ou seja, até 1966). Tirando a prisão do Luís Represas por atentado ao pudor, que mais pode um homem desejar? Espreitem.

sábado, setembro 03, 2005

Mais olhos que barriga

O sr. György Mitnyan, que é presidente de um dos “distritos” de Budapeste, pretende aprovar uma lei que limite as saias curtas às mulheres detentoras de um perfeito par de pernas. O mesmo vale para as camisolas curtas, já que, alegadamente, poucas senhoras têm uma barriga que mereça ser exibida. Enquanto princípio genérico, a ideia é péssima, na medida em que constrange a liberdade individual e etc. Enquanto teoria aplicável, a ideia é uma maravilha, já que a proliferação de pernas desagradáveis e de adiposidades a escapar da cintura atingiu no Ocidente níveis alarmantes. Enquanto prática concreta, a ideia é estranhíssima: pelo amor de Deus, à parte o ocasional bagulho, o sr. Mitnyan vive e trabalha entre as mulheres mais lindas da Terra. Eu vi-as, com estes que a dita há-de comer. Nem francesas, nem italianas, nem brasileiras, nem americanas: o verdadeiro artigo mora na Hungria, com o Danúbio pelo meio (salvo seja). Se as moças de Budapeste levam o sr. Mitnyan aos ardores de uma proposta legislativa, o que é que ele faria após meia hora nos Restauradores? Mandava cobrir Portugal com napalm?

quinta-feira, setembro 01, 2005

Francisco José Viegas!

1) A Origem das Espécies, o novo blogue.

2) Artigos, Crónicas e Textos, o labour of love de um devoto.