terça-feira, janeiro 31, 2006

Trade mark

Foram anunciados os candidatos aos ÓscaresTM. A objectividade impede-me de comentar as fitas antes de as ver. A objectividade, como dizia um senhor muito citado na blogosfera, é burra. Não vou sair de casa cinco vezes, comprar cinco bilhetes e suportar dez ou quinze horas na célebre, e horrorosa, sala escura a fim de adquirir o que se considera uma opinião abalizada. Para quê? Atente-se nos nomeados a “melhor filme”. O favorito é um western homossexual, sem Montgomery Clift e dirigido por aquele senhor que fez o "Hulk". "Capote", pese a interpretação principal (que me asseguram ser boa), pertence ao género biopic, responsável por 21,8% do lixo cinematográfico contemporâneo. "Crash", ao que li, é um cruzamento de Spike Lee com "Magnolia", pelo que dispensa comentários. "Munich" já foi feito há uns anos: intitula-se “One Day in September”, ganhou o ÓscarTM para melhor documentário e não precisou de contratar actores, muito menos o actor que fez do próprio Hulk. Por fim, há um produto assinado por George Clooney, mas pretendo preservar a minha digestão (estou engripado e jantei há pouco). Está tudo visto, portanto.
A última ocasião em que penetrei um cinema foi por causa de “Million Dollar Baby”. Não sinto que, entretanto, tenha perdido alguma coisa. Basta um leitor de DVD: o melhor entretenimento filmado dos nossos dias é feito para televisão, de Larry David a Ricky Gervais. Pensando bem, há muito tempo que é assim: hoje, saiu nos EUA a primeira série de "Hill Street Blues", relíquia com 25 anos. Nestes 25 anos, quantos filmes se lhe comparam? Pois é.
Nota adicional: Este post pode sugerir que eu desprezo o cinema europeu, por exemplo, quiçá o brasileiro, eventualmente o iraniano. Nada mais falso. Não se trata de desprezo: fora dos EUA, nem sequer acredito que o cinema existe. Apesar de tudo. E o tudo começa a ser demasiado.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Ver/Não crer

Esta madrugada, vi a repetição do Prós e Contras, como sempre dedicado ao tema "Portugal", ou "A Alma Portuguesa", ou "A Identidade Nacional", ou "O Estado da Nação", ou "Os Cueiros da Pátria". Sendo contribuinte cumpridor, dos que melancolicamente asseguram o serviço público de televisão, sinto-me no direito, mais, no rigoroso dever de perguntar: o que é aquilo?

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Esclarecimento e adenda

Não, caríssimo Vasco (reparo agora que o meu link lateral para o Memória Inventada sumiu: estes blogues que encerram e reabrem dão nisto), não me distraio com copos, miúdas ou carros desportivos. Durante o último mês, distraí-me, se este é o termo, com as eleições presidenciais, que me obrigaram a umas 30 crónicas, 4 entrevistas, 1 reportagem e 83 deslocações a Lisboa. O tempo restante mal chegou para as necessidades elementares da espécie, que incluem as leituras possíveis. Naturalmente, não chegou para o blogue, o qual, aproveito para reclamar, paga pessimamente. Isto para dizer que George Best talvez soubesse um nadinha menos que eu sobre Bruno Schulz, Jerónimo de Sousa ou os exploradores do Pólo Sul. Mas divertia-se muito mais.
P.S.: Além disso, sem querer trocar mimos, o melhor da blogosfera são coisas como o Gerador Automático de Grandes Momentos de Literatura Erótica - versão beta 1.1. Um post que, aproveito para me flagelar, não referi na minha crónica da Sábado (a que sai amanhã), em que escrevi sobre o Codex 6362j42f ou lá o que é, e em citei as referências que vi primeiro (o George, J. P., não o Best, e o P. Mexia). Quando dei com o Gerador, a crónica já estava na gráfica. Mil perdões, pois. E um abraço.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Ora bem

Agora que a campanha sossegou, tenho enfim tempo de escrever umas linhas sobre assuntos que não envolvam Cavaco, Soares & Cia. Isto é, assuntos realmente importantes. Por azar, não me apetece. Deixo apenas os seguintes, e breves, recados:

a) Nuno, já ouvi o disco da Nellie Mckay. É bom, muito bom, estupidamente bom. Não é, porém, genial como o primeiro. É apenas o disco pop de 2006, mesmo porque há uma enorme probabilidade de eu não ouvir mais nenhum disco pop de 2006.

b) Embora a esta hora já toda a gente saiba, insisto: a Constança Cunha e Sá rendeu-se à blogosfera. Aqui e, suponho, ainda aqui. Seja bem-vinda.

c) Os mais recentes 50 ou 60 posts do Estado Civil são os melhores do blogue. O Estado Civil é o melhor blogue do Pedro Mexia. O Pedro Mexia é o melhor escritor de blogues que eu conheço.

d) Há um almoço aprazado para o dia 21, a realizar num desses povoados que circundam Lisboa e cujo nome não há maneira de um cidadão de inteligência mediana fixar. Isto para dizer que preciso de boleia de Lisboa até ao dito povoado. E o JPC, se arranjar um pedacinho livre entre as 28 crónicas que produz semanalmente, também. Propostas ao cuidado do meu assessor, que eu não falo directamente com a ralé. Ou, como diz a Sra. Dra. Clara Ferreira Alves, com estagiários.

e) E pronto.